Esquadrão da FAB prepara-se para receber aeronaves P-3AM

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A chegada de três aeronaves P-3AM em 2010 tem sido sinônimo de preparação no 1º Esquadrão do 7º Grupo de Aviação da Força Aérea Brasileira (Esquadrão de Patrulha Orungan), sediado em Salvador (BA). A unidade é a única que receberá as novas aeronaves. Para isso, já iniciou mudanças na estrutura física e a realização de cursos de capacitação do efetivo para lidar com a nova realidade que será introduzida com a aquisição do novo modelo. A previsão é que as duas primeiras aeronaves cheguem no primeiro semestre do ano que vem e uma terceira no segundo semestre.

Segundo o Major Aviador Otávio Luiz Timóteo Alves, que coordenada um dos grupos de transição, o 1º/7º receberá nove aeronaves P-3 até 2012. Serão oito operacionais e uma de treinamento. Em 2010, chegarão as três primeiras; em 2011, o Esquadrão receberá outras quatro; e em 2012, duas. As aeronaves irão substituir os P-95 Bandeirulha que atualmente são operadas na unidade desde os anos 80.

A mudança trará grandes benefícios nas operações. O P-3, que é quadrimotor, tem grande autonomia de voo. Pode voar em torno de 13h ininterruptas, levando a bordo um número maior de observadores e de equipamentos de última geração.

A parte tecnológica também passará por um grande salto. No caso do P-3, a aeronave é equipada com sensores especiais, que em muito auxiliarão nas missões, por exemplo, de busca e resgate, como ocorreu neste ano com o emprego de aeronaves R-99 na localização de destroços do voo 447 no meio Oceano Atlântico.

De acordo com o comandante do esquadrão, Tenente Coronel Aviador Maurício Carvalho Sampaio, para lidar com o salto tecnológico e operacional introduzido com a nova aeronave, foram criados grupos de trabalho na unidade. Um deles ficou responsável pela seção de obras que visa proporcionar a estrutura necessária para que o P-3 possa operar em Salvador. Outro grupo ficou focado na missão de implantar a nova aeronave, com a capacitação dos militares. Dentro desse processo de formação foram incluídas instruções para pilotos, operadores e mantenedores. Entre as atividades também está incluída capacitação de militares na Espanha.

Em meados de 2008 e, praticamente, durante todo o ano de 2009, o efetivo foi envolvido nesse processo. O grupo de pilotos e operadores retorna para a Espanha em janeiro de 2010 justamente para fazer o processo final da capacitação. Como se trata de uma aeronave complexa, precisamos fazer uma integração de toda a tripulação que foi formada.

Outra vertente da capacitação é preparar os militares para casos de pouso no mar e abandono de aeronave, além de situações de salvamento, resgate e sobrevivência. Essas instruções são realizadas nas cidades de Salvador (BA), São Pedro da Aldeia (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).

“Eles passam por um curso teórico de duas semanas de busca no mar. Têm instruções técnicas sobre a aeronave, teoria e prática de sobrevivência no mar, treinamento de abandono de aeronave submersa, treinamento fisiológico e instrução de voo de 15 horas” ressalta o chefe da seção de operações do 1º/7º, Major Aviador Adolfo Aleixo da Silva Júnior.

Uma parte do treinamento foi realizada no Clube dos Sargentos da FAB, em Salvador. Em uma piscina, militares receberam instruções complemetares de sobrevivência na água para, depois, enfrentarem 30 horas em um bote no mar, no Parque Naval de Aratu, também na capital Baiana. O instrutor foi o Capitão Intendente Alessandro Machado, que passou pelo Curso de Paraquedista do Exército, é mestre de saltos e por cinco anos ministrou instruções ao Corpo de Cadetes da Academia da Força Aérea, em Pirassununga (SP).

Ele lembra que um dos objetivos é que os militares sintam os efeitos de uma situação de resgate e, caso venham a passar por ela, saibam como agir. “A fase prática tem por objetivo dar o auto-conhecimento. O tripulante vai se conhecer, vai saber os efeitos psicológicos inerentes à falta de água, à falta de alimentação e isso vai dar mais condições de sobrevida”, explica Capitão Machado.

Uma das técnicas ensinadas foi agrupar os militares formando um círculo, com todos batendo os pés simultaneamente. Assim, eles conseguiriam ser visualizados com maior facilidade por aeronaves. Outra vantagem é que conseguiram manter a temperatura corporal. “Acredito que esta seja uma das instruções mais importantes dentro do curso de formação do aeronavegante, tendo em vista que 90% da nossa atividade é sobre o mar”, relata o Tenente Aviador Marcello Sardinha dos Santos, que estava entre os participantes da instrução.

A parte física do Esquadrão também já está sendo submetida a mudanças para receber os P-3. Um hangar da unidade será reestruturado para receber as aeronaves. O prédio que abrigará a estrutura administrativa e operacional está em fase recebimento, na qual são efetuados os ajustes finais na estrutura. “Dentro deste prédio, temos um simulador de missão, treinador tático, laboratório de língua, todos focado especificamente para missão operacional no P-3. O local ainda vai englobar toda a parte administrativa, o comando, operações e pessoal. A única exceção é a área logística que vai ter um hangar próprio, específico para os serviços de manutenção e administração”, afirma o Comandante do Esquadrão, Tenente Coronel Sampaio, lembrando que os projetos incluem, ainda, o tratamento de afluentes no hangar de lavagem das aeronaves.

FONTE: CECOMSAER

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Francisco AMX

Eu até hoje não entendo pq a FAB, mesmo já sabendo dos projetos da EMBRAER… do EMB-190, não encomendou uma versão de patrulha baseado neste avião, e foi comprara estas sucatas defasadas, gastando uma verdadeira fortuna para modernizar um avião que já deixa o serviço ativo na maioria dos países que serve… uma pena…

baschera

Francisco, Quanto custaria desenvolver um vetor com a doutrina e os equipamentos necessários a missão dos P-3Br, baseando-se num avião moderno, mas inadequado do ponto de vista militar como o E-190 ?? Inadequado, por se tratar de um avião formatado para uso civíl e não para a missão dos patrulheiros e esclarecedores P-3. Cncordo, que como hardware, tratar-se-ia de uma máquina nova, sem uso ….. mas este fato simples não imediatamente qualifica o avião brasileiro para a tarefa. Imagine-se todo um novo desenvolvimento, semelhante ao que se está fazendo com o KC-390. E, ná época da escolha, a grana era… Read more »

Manoel

A FAB teria comprado as versões P-3A,as mais antigas, supostamente por terem menos horas voadas que as versões C- seria verdade? espero que tenham resolvido o problema das junções das asas,cuja substituição foi recomendadaa pelo fabricante…ainda bem que a Espanha tb esta modernizando seus P-3…surgiram inumeros problemas com o “recheio eletronico” provocando grande demora na modernização dos mesmos…boa parte dos problemas ja teriam sido resolvidos quando os nossos “novos”P-3AM chegaram a Espanha…b em, vamos esperar, de qualquer forma é um vetor bem superior ao Bandeirulha.

Paulo Renato

Vamos ganhar tempo para desenvolver um avião novo com o mesmo proposito.

Abs.

Tomcat

Francisco,

Pode ser uma sucata, mas não tenho como esquecer dos gostosos vôos que fazia quando criança nos Electra da Ponte Aérea…

Tendo grande autonomia, com bons sensores, um retrofit e uma boa manutenção, já basta, considerando os estado das nossas FA’s

[ ]’ s

Walderson

Senhores,

por gentileza, alguém saberia me dizer a autonomia do jato da EMBRAER. Pergunto porque penso que não chegue às 13 horas do P-3. Isso já seria um diferencial. Tudo bem que não é tudo, mas é uma baita economia. Para um país como o Brasil. Um outro detalhe é o fato de que se a FAB não escolheu um avião da empresa nacional é porque não valia à pena mesmo, pois sempre que pode a FAB ajuda de montão a EMBRAER.

Francisco AMX

Baschera, não tem boeing nesta função? o Poseidon não seria um? não acho que o 190 com FBW seja inadequado para a função de patrulha, esclarecimento e ataque, e ASW, pode ser menos eficiente em buscas pela menor autonomia do que o P-3, mas de resto? e olha o ganho que teríamos na defesa! Se fosse tão dispendioso, por poucas unidades compradas, pq a FAB desenvolveu as pouquíssimas unidades dos R-99??? que doutrina tínhamos? Baschera, acho que foi um “erro”, que se pode entender de 1000 maneiras! como a modernização tardia dos A-4! simples assim. Uma versão do EM-190 de… Read more »

baschera

Francisco, Concordo, mas veja que não dá para comparar a Boeing ou o Pentagono com a Embraer ou o nosso MD… neste caso. O motivo é ESCALA de produção para diliuir os custos enormes de desenvolvimento do projeto. Veja que o Pentagono vai comprar dezenas ou mais dos P-8 Poseidon da Boeing, mesmo assim ele custará Us$ 200 milhões ( até mais para exportação…) cada !!! Quer um exemplo recente : O KC-390, a Embraer teve a idéia, mas na hora de investir, teve que “vender” o projeto para o Governo Brasileiro, pois não teria capacidade financeira de bancar o… Read more »

Francisco AMX

captado Baschera!

Realmente um Bom-bay seria meio “chato” de integrar, mas seria tão difícil asim? acho que não… e se fizéssemos uma versão mais econômica do “P-190” :)? com sistemas similareas ao do P-3 e um bomb-bay apenas… nada de tão high-end, para não encarecer… este avião teria mercado no mundo, certo! concordo que simplifiquei as coisas, principalmente no bom-bay… mas que daria um patrulhador bacana o P-190, ah daria!

grande abraço mestre!